Será de sabiá o canto que ouço longe
Ou será ilusão da memória?
Mas sabiá foi calado, como os outros,
Pelo pranto da mata queimada.
Mata distante, fuligem na história.
Palmeiras rupestres sobraram.
Outra mata fechada floresce.
Caules finos, sem galhos, sem pousos.
Voaram todos, sem rumo, dispersos.
O silêncio quebrado por gralhas felizes.
Risadas secas, automáticas
Em torno da fogueira para a liberdade.
Não alucino, pois de sabiá é o canto…
Aninhado alto.
Talvez um idoso, talvez um relógio
Esse escape saudoso.
Da terra bela e suas palmeiras
Restam dúvidas cerradas e corvos.
Teriam mesmo sabiás havido?
Ou apenas devaneios de bem-te-vi engajados ?