No começo era um eu
Mal definido e sempre mandado.
Carne tenra e coração cristalino
Inconsciente, apenas vivo, com alegrias.
Vi, perplexo e escondido,
Bonecos humanos partidos
Sob luz escura de abandono.
Como um eu que era eu abandonado.
Acompanhado todos os dias
Pela dedicada mesma companhia
Intimidade aos poucos construída
Em dores, sempre, e poucas alegrias.
Parei de crescer rapidamente
Mas inchei-me de tal modo
De medos, agouros e pensamentos,
Que sou meu próprio sofrimento.
O começo cumpre o que promete
Repete-se com obstinação .
Se enxerga um longo dourado, sorri.
Sob o prateado noturno, esconde.
Uma consciência em vários instantes
Reconhece em qual deles está.
Sabe se é pra ser caçado, oferecido
Ou caçador; muitas vezes angustiado.