Branco e Preto
Os olhos guardavam o sol em dias seguidos. Era quase deus. O mundo seria consumido em segundos. Os olhos guardavam a dor. O que era eu? A vida passava em milissegundos.
Alegria, tristeza. Manhã e noite. Ontem e amanhã. Nunca o hoje.
Roxo
Era um menino de sorte. Cansado das brincadeiras da rua entra em casa, exuberante e descobre enigma enrolado. Longa fita azul em detalhes dourados. Mostra feliz para a mãe o presente encontrado. Horrorizada, joga longe o achado dizendo ao filho, agora decorado, que é enfeite funéreo. Após três meses, chora aniversário.
Negro
Vagueando pelas ruas roído de ciúmes, seus pensamentos de vingança impediram a visão das luzes no limite da ponte.
Cinza
Febril em noite de inverno, delirava. Dúvidas, traições e dívidas. A lucidez castigava nas batidas das horas do longo túnel sem fim. Com o galo, percebeu que a noite continuava, apenas diluída.
Azul
Como poderiam saber que, naquele voo, tão esperado, voavam para um mar de almirante?
Vermelho
Saiu cheia de vida em direção à praia. Rua tranquila em manhã de paz. Um tropeço no destino trouxe correrias e gritos. Não entendia o quê fazia deitada com o biquíni molhado.