Pega da tinta e traça
letras torcidas sem pauta.
Sentindo nas frases tortas
a própria natureza-morta.
Lavrador de mãos lisas,
ignora a dureza da lida.
Não basta pegar enxada,
e garantir bela florada.
Lá vai ele outra vez!
Cego em nova tentativa.
Medita limpando a mente:
sulca, revolve, irriga, mas
terá boa semente?
Pega da tinta e risca,
risca, rasga e apaga,
amontoa palavras divergentes,
expectativas ofuscadas!
Analfabeto de sentimentos,
soletra vaga emoção.
Manda a mão para o castigo
encontre lá a solução.
Com palavras combinadas,
Coloca vírgulas e pontos.
E o retrato caricato surge,
De figura ensimesmada.