O dia surge no horário previsto.
O Sol é dourado e parece acordar
tão fresco como há 4,5 bilhões de anos.
Na última chamada para as rotinas
os seres correm para seus lugares
sem questionar; muitos são novos.
Algumas nuvens se pintaram
com as cores do momento.
Aos poucos, evaporam-se no muito alto mar do céu.
Os pássaros, à toda corda,em felicidade infinita,
voam como bezerros soltos no espaço.
Homens se levantam cansados,
mal acordados e ressentidos.
Mais um dia sabido comum;
mais um dia de homem comum.
Passados os fogos, microssois da utopia,
todos os homens precisam de costuras;
única forma de se prenderem ao Tempo.
Numa tristeza de festa não consumada,
aguardar ser repetida é o que consola.
De novos mesmos dias
prenhes das mesmas horas.
Nesta Terra que vivencia três tempos
e, ignora,
presentes em tempos diferentes.
A existência é salva por cores
expostas em prateleiras ordenadas.
Como um arco-iris de dores
aprisionadas.
No indecifrável universo mecânico,
comemorações de animal angustiado.
Ruidoso, para afugentar o silêncio,
festeja com alegria pia e macaqueia
seu mais escondido medo.